Jardim Japão
Apto
Sem dependências
Muita luz
Amplo espaço interno
Sala de estar
Aceita contra propostas
terça-feira, 29 de junho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Calafrios
Conceber a existência como um acidente,
me dá calafrios como quando imagino um corpo mutilado ou,
como quando lembro de uma gafe constrangedora.
Não suporto o flerte insistente com essa possibilidade.
me dá calafrios como quando imagino um corpo mutilado ou,
como quando lembro de uma gafe constrangedora.
Não suporto o flerte insistente com essa possibilidade.
terça-feira, 22 de junho de 2010
O que será sem mim?
Como pode o mundo existir sem mim?
O que será de tudo depois que eu morrer?
Minhas idéias vão para onde?
Não consigo imaginar-me sem existir.
Será que nunca existiu antes e nunca vai existir depois?
Seria tudo invenção a meu redor?
Será que eu existo?
O que será de tudo depois que eu morrer?
Minhas idéias vão para onde?
Não consigo imaginar-me sem existir.
Será que nunca existiu antes e nunca vai existir depois?
Seria tudo invenção a meu redor?
Será que eu existo?
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Da época dos drs da Alegria
Tenho muitas crônicas da minha época de doutor da alegria. São muitas histórias divertidas, outras nem tanto. Acabo de publicar uma dessas histórias. Às vezes sinto saudades.
http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=23577&adm=1
http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=23577&adm=1
terça-feira, 15 de junho de 2010
Os ombros suportam o mundo
A primeira vez que li esse poesia do Drummond, há uns trinta anos, fiquei muito tocado quando o poeta diz que o mundo não pesa mais do que a mão de uma criança. Durante muito tempo esse foi meu vínculo com essa poesia. A ideia da possibilidade da leveza diante da vida.
Outro dia reli a poesia para reencontrar a tal leveza e o que impactou-me mais foi a imagem dos olhos enormes que resplandecem na escuridão, todo certeza.
Mais do que leve o poeta ficou transparente. Nada mais o atinge.
Mas afinal, o que é a vida e o que é mistificação? Como distinguir uma coisa da outra?
Será que a poesia é mistificação?
Se for eu estou frito. Frito mas livre da mistificação. Só frito e pronto.
As coisas são como elas são. Mas como são?
Tenho receio que só sobre a mistificação, nada mais. Armadilha pós-moderna.
Melhor viver do que pensar.
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Outro dia reli a poesia para reencontrar a tal leveza e o que impactou-me mais foi a imagem dos olhos enormes que resplandecem na escuridão, todo certeza.
Mais do que leve o poeta ficou transparente. Nada mais o atinge.
Mas afinal, o que é a vida e o que é mistificação? Como distinguir uma coisa da outra?
Será que a poesia é mistificação?
Se for eu estou frito. Frito mas livre da mistificação. Só frito e pronto.
As coisas são como elas são. Mas como são?
Tenho receio que só sobre a mistificação, nada mais. Armadilha pós-moderna.
Melhor viver do que pensar.
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Pátria assada
Sinto-me exilado no mundo. Um intruso.
Não fossem as cozinhas diria que sou um apátrida.
Desde pequeno, lugar nenhum me acolhe tão bem quanto uma cozinha.
Não fossem as cozinhas diria que sou um apátrida.
Desde pequeno, lugar nenhum me acolhe tão bem quanto uma cozinha.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Um alento
Um palpite certo,
Um passe milagroso,
Uma coincidência,
A sorte,
O azar,
Ler A Morte de Ivan Ilitch,
A falta absoluta de explicação.
Um passe milagroso,
Uma coincidência,
A sorte,
O azar,
Ler A Morte de Ivan Ilitch,
A falta absoluta de explicação.
domingo, 6 de junho de 2010
O maior perdão da paroquia
Eu matei, seu padre!
O padre sorriu. Via na fisionomia comportada do pequeno Pedro a impossibilidade de um ato tão brutal, mas não conteve a sua teatral curiosidade:
- Você meu filho, matou alguém?
- Matei padre, mas estou arrependido.
Pedrinho sentiu-se orgulhoso, notou a perplexidade do padre José.
Para saber o desfecho dessa história curtinha:
http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=22865&adm=1
O padre sorriu. Via na fisionomia comportada do pequeno Pedro a impossibilidade de um ato tão brutal, mas não conteve a sua teatral curiosidade:
- Você meu filho, matou alguém?
- Matei padre, mas estou arrependido.
Pedrinho sentiu-se orgulhoso, notou a perplexidade do padre José.
Para saber o desfecho dessa história curtinha:
http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=22865&adm=1
sábado, 5 de junho de 2010
A arte do desencontro
Ruth: Eu estava disposta a ter uma noite legal... A fim de namorar... Sabe clima de começo de namoro? Então eu cheguei como se a gente não fosse casado, sabe? Prá rolar um clima de paquera? Fiz de conta que ele era um estranho, dei umas olhadas insinuantes...
Rogério: Mas aí, pro meu desespero, ela chega com a cara virada, de graça... Não tinha acontecido nada, estava tudo normal, e ela com aquele mau humor, assim do nada. Aí eu fiquei maus, dei um beijinho nela e corri prá cozinha cuidar da surpresa. Tudo bem, tá de mau humor, vamos ver se ela vai resistir a esse jantarzinho...
Ruth: Só que daí o Rogério me dá um beijinho bem ordinário, me empurra e sai correndo, sei lá, devia estar passando jogo na tv. Falei, quer saber de uma coisa? Hoje não vai ter jantar coisa nenhuma, eu é que não vou cozinhar para aquele estúpido. Peguei o telefone e pedi uma pizza.(pausa)(enternecida) Pedi de calabresa que o Rogério adora...Eu não queria brigar.
Rogério: Apesar de eu ter sacado que naquele dia ela estava louca pra brigar, eu me propus a fazer um jantarzinho bacana, uma coisinha romântica...
Esse é um trecho da crônica mais acessada em minha coluna. Quem ficou curioso por saber como acabou o tal jantar é só clicar no link abaixo:
http://www.itu.com.br/colunistas/artigo.asp?cod_conteudo=22424&adm=1
terça-feira, 1 de junho de 2010
Até quando?
- Por favor, onde fica o banheiro?
- O senhor está vendo aquela escada? O senhor sobe, depois desce três lances. É logo ali.
- Desculpe, mas como o senhor pode ver, não caminho com facilidade – evidenciei a bengala que levava para me auxiliar na marcha . Preciso saber onde fica um banheiro que seja mais próximo do que esse? Há de haver um.
- Ah, não tem outro não senhor, o senhor tem que usar as escadas.
Fui.
O trajeto era penoso. Subi um lance sem corrimão. Era só um aquecimento leve. Então me deparei com um lance maior, mais inclinado ainda. Ôba, pelo menos esse tem corrimão. Logo em seguida outro lance. Cheguei ao banheiro? Ainda não. Viradinha para a direita e uma pegadinha: um único degrau, porém bastante mal iluminado. Lá vou eu desabando, bengala ao chão, e me escoro na parede logo em frente. Aprumo-me, ajeito a dignidade. Ainda falta um pequeno lance: mais quatro degraus. Ufa, com corrimão. Chego ao banheiro. Quase tarde demais. Por pouco, muito pouco, pouco mesmo.
Agora, terei o segundo turno: o caminho de volta. Os lances que desci agora terei que os subir. Todos eles. Ainda tenho que ficar atento ao degrau mal iluminado e enfrentar aquele trecho sem corrimão. Cruzei uma moça bonita e fiz finta de guerreiro. Subi cada degrau com fleuma de batalhador incansável. Ufa! Ela já passou. Dei uma pausa, respirei e retomei a missão. Senti-me um Indiana Jones.
Quando retornei à mesa, a comida já tinha esfriado. O papo já era outro. Ainda bem, por que depois de tanta aventura já nem lembrava mais do que estávamos falando. Ajeitei o guardanapo no colo e falei baixinho:
- Espero não precisar ir ao banheiro outra vez.
- O que você disse?
- Eu? Não, nada.
Papo vem papo vai, um vinhozinho, um suco, um cafezinho e ai meu Deus! Vontade de ir ao banheiro. De novo. Antes tivesse jantado em casa.
Final da nova odisséia e reencontro o maitre, aquele a qual pedi informação sobre a localização do banheiro no início da noite.
- Meu amigo, deixe eu te falar uma coisa. Note que não estou nervoso embora tivesse motivos de sobra para estar. O senhor disse que eu teria que usar as escadas para ir ao banheiro, eu não lhe respondi nada, pois estava apertado e sabia que o papo seria longo. Agora vamos lá: não, eu não tenho que usar as escadas para ir ao banheiro. O estabelecimento tem obrigação de oferecer condições para que pessoas como eu tenham condições de freqüentar o restaurante.
- É, realmente o senhor tem razão, precisaria ter um banheiro aqui em cima, mas não tem.
- Mas tem que ter, isso é um direito meu e uma obrigação de vocês.
- Peço desculpas ao senhor, vamos fazer o seguinte: quando o senhor precisar utilizar o banheiro novamente, o senhor me avise e eu levarei o senhor por um caminho que tem menos escadas. Só tem o inconveniente de termos que sair um pouco, vamos pela calçada e entramos novamente logo ali adiante.
- Você não está me entendendo. Eu não vou sair e depois voltar para precisar de menos escadas. Vocês têm que me oferecer um banheiro aqui dentro, próximo às mesas, com fácil acesso e comodidade mínima.
- O senhor tem razão, mas fica difícil, o senhor repare bem...
- Desculpe interrompe-lo: você acha justificável a existência de trabalho escravo?
- Não, de modo algum, mas...
- Para mim, estar em um bar bastante badalado na Vila Madalena, São Paulo capital, século vinte e um, e ver que não existe acessibilidade para portadores de deficiência é tão injustificável quanto o trabalho escravo.
- O senhor tem razão, mas da próxima vez que o senhor vir...
- Não terá próxima vez. E não estou fazendo pirraça nem tampouco boicote. Quando saio, sozinho ou com amigos, costumo procurar ir a lugares onde me sinta bem. Aqui apesar de o ambiente ser de muito bom gosto, a comida ser uma delícia e o senhor muito atencioso, eu não me sinto bem. Meu jantar foi um enorme transtorno, me foi penoso. Não curto sacrifício. Aqui não volto mais. Já sofro bastante por ser corintiano e ter que torcer pela seleção do Dunga, não preciso de mais sofrimento.
Ter citado a seleção do Dunga como argumento foi definitivo. O maitre desistiu, pediu desculpas e me acompanhou até o local onde apanhei meu carro. Chegando a minha casa tomei um lanche antes de dormir.
Saí do restaurante cansado e com fome. Cansado pela maratona e com fome por que a comida esfriou enquanto “escalava” as escadas que me levavam ao banheiro.
Meu Deus, até quando?
- O senhor está vendo aquela escada? O senhor sobe, depois desce três lances. É logo ali.
- Desculpe, mas como o senhor pode ver, não caminho com facilidade – evidenciei a bengala que levava para me auxiliar na marcha . Preciso saber onde fica um banheiro que seja mais próximo do que esse? Há de haver um.
- Ah, não tem outro não senhor, o senhor tem que usar as escadas.
Fui.
O trajeto era penoso. Subi um lance sem corrimão. Era só um aquecimento leve. Então me deparei com um lance maior, mais inclinado ainda. Ôba, pelo menos esse tem corrimão. Logo em seguida outro lance. Cheguei ao banheiro? Ainda não. Viradinha para a direita e uma pegadinha: um único degrau, porém bastante mal iluminado. Lá vou eu desabando, bengala ao chão, e me escoro na parede logo em frente. Aprumo-me, ajeito a dignidade. Ainda falta um pequeno lance: mais quatro degraus. Ufa, com corrimão. Chego ao banheiro. Quase tarde demais. Por pouco, muito pouco, pouco mesmo.
Agora, terei o segundo turno: o caminho de volta. Os lances que desci agora terei que os subir. Todos eles. Ainda tenho que ficar atento ao degrau mal iluminado e enfrentar aquele trecho sem corrimão. Cruzei uma moça bonita e fiz finta de guerreiro. Subi cada degrau com fleuma de batalhador incansável. Ufa! Ela já passou. Dei uma pausa, respirei e retomei a missão. Senti-me um Indiana Jones.
Quando retornei à mesa, a comida já tinha esfriado. O papo já era outro. Ainda bem, por que depois de tanta aventura já nem lembrava mais do que estávamos falando. Ajeitei o guardanapo no colo e falei baixinho:
- Espero não precisar ir ao banheiro outra vez.
- O que você disse?
- Eu? Não, nada.
Papo vem papo vai, um vinhozinho, um suco, um cafezinho e ai meu Deus! Vontade de ir ao banheiro. De novo. Antes tivesse jantado em casa.
Final da nova odisséia e reencontro o maitre, aquele a qual pedi informação sobre a localização do banheiro no início da noite.
- Meu amigo, deixe eu te falar uma coisa. Note que não estou nervoso embora tivesse motivos de sobra para estar. O senhor disse que eu teria que usar as escadas para ir ao banheiro, eu não lhe respondi nada, pois estava apertado e sabia que o papo seria longo. Agora vamos lá: não, eu não tenho que usar as escadas para ir ao banheiro. O estabelecimento tem obrigação de oferecer condições para que pessoas como eu tenham condições de freqüentar o restaurante.
- É, realmente o senhor tem razão, precisaria ter um banheiro aqui em cima, mas não tem.
- Mas tem que ter, isso é um direito meu e uma obrigação de vocês.
- Peço desculpas ao senhor, vamos fazer o seguinte: quando o senhor precisar utilizar o banheiro novamente, o senhor me avise e eu levarei o senhor por um caminho que tem menos escadas. Só tem o inconveniente de termos que sair um pouco, vamos pela calçada e entramos novamente logo ali adiante.
- Você não está me entendendo. Eu não vou sair e depois voltar para precisar de menos escadas. Vocês têm que me oferecer um banheiro aqui dentro, próximo às mesas, com fácil acesso e comodidade mínima.
- O senhor tem razão, mas fica difícil, o senhor repare bem...
- Desculpe interrompe-lo: você acha justificável a existência de trabalho escravo?
- Não, de modo algum, mas...
- Para mim, estar em um bar bastante badalado na Vila Madalena, São Paulo capital, século vinte e um, e ver que não existe acessibilidade para portadores de deficiência é tão injustificável quanto o trabalho escravo.
- O senhor tem razão, mas da próxima vez que o senhor vir...
- Não terá próxima vez. E não estou fazendo pirraça nem tampouco boicote. Quando saio, sozinho ou com amigos, costumo procurar ir a lugares onde me sinta bem. Aqui apesar de o ambiente ser de muito bom gosto, a comida ser uma delícia e o senhor muito atencioso, eu não me sinto bem. Meu jantar foi um enorme transtorno, me foi penoso. Não curto sacrifício. Aqui não volto mais. Já sofro bastante por ser corintiano e ter que torcer pela seleção do Dunga, não preciso de mais sofrimento.
Ter citado a seleção do Dunga como argumento foi definitivo. O maitre desistiu, pediu desculpas e me acompanhou até o local onde apanhei meu carro. Chegando a minha casa tomei um lanche antes de dormir.
Saí do restaurante cansado e com fome. Cansado pela maratona e com fome por que a comida esfriou enquanto “escalava” as escadas que me levavam ao banheiro.
Meu Deus, até quando?
Assinar:
Postagens (Atom)