sábado, 21 de agosto de 2010

Milagres corriqueiros













Tem certas coisas que acontecem e a gente nem dá bola, são tão corriqueiras e acontecem com tanta freqüência e naturalidade que a gente dá de ombros. Outro dia, assistindo a uma partida de futebol, fiquei abismado ao ver um gol de cabeça. Um cruzamento, o centroavante subiu mais do que a zaga e bola na rede. Trivial não?
Imaginei perplexo a quantidade de cálculos que um jogador deve efetuar para fazer um gol de cabeça como aquele que tinha acabado de assistir:
• Estimar a velocidade e a trajetória da bola que foi cruzada;
• Estimar a distância entre o jogador e a bola;
• Calcular o intervalo de tempo em que a bola chegará ao alcance da cabeça do jogador;
• Estimar o tempo que o jogador levará para saltar até o ponto estimado de contato entre a cabeça do jogador e a bola;
• Calcular força e impulso necessários para executar o salto em direção ao ponto provável onde estará a bola no momento do cabeceio;
• Estimar as trajetórias possíveis para a inevitável ação do goleiro oponente,
• Estimar uma trajetória possível que não tenha nenhum ponto de interseção com aquelas trajetórias possíveis do goleiro oponente;
• Calcular força, ângulos, direções e vetores a fim de fazer a bola chegar ao gol naquele ponto capaz de vencer o goleiro oponente.
Tudo isso deve ser calculado e executado em um segundo.
Só no último campeonato brasileiro foram assinalados mais de cem gols de cabeça por pessoas que não sabem nem se quer a tabuada do quatro. Aqueles mesmos que dão sempre uma única resposta para qualquer pergunta:
- Realmente, o grupo está fechado. O professor orientou a gente, vamos procurar, juntamente com meus companheiros, dar o melhor de si e trazer os três pontos que são tão importantes para a nossa equipe e para essa torcida maravilhosa. Sempre respeitando o adversário por que sabemos que do outro lado tem onze profissionais que merecem nosso respeito.
Não é incrível?

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