Hoje acordei às cinco da manhã, me senti um monge tibetano. Saí e o céu ainda estava escuro. Frio e estrelas. Fui para Sampa fazer uma apresentsação num evento. Encontrei meus amigos do coração, me diverti, faturei uns dindins e voltei prá casa. Sentado na varanda da casa, vendo o movimento dos pássaros daqui pralí, senti a satisafação do dever cumprido. Depois achei esse sentimento uma coisa muito reacionária pois junta numa idéia só, a noção de dever e a culpa absolvida pelo fato do dever ter sido cumprido. Acho que um indio não sentiria isso. Ele sentiria o prazer de estar ali com os pássaros depois de ter estado lá com seus amigos. Droga. A culpa é uma sombra em dia de sol. Tá sempre lá. Já pensou um mundo no qual as pessoas não conhecessem o sentimento da culpa? Como seriam nossas vidas sem a urgência da culpa a ser espiada? Não consigo nem sentir como isso seria. Do que será que a gente se ocuparia? Será que agiríamos muito diferente do que agimos? Será que seríamos mais felizes ou só inventaríamos outra sombra a nos atasanar? Quando penso em culpa, lembro do lobo mau. Prá mim a culpa é o lobo mau. E pensar que tudo isso começou com aquela sensação gostosa do dever cumprido. A mente é mesmo um trote. Faz a gente perder um baita tempo com chistes sem graça. O pior é quando não consigo distinguir com clareza, quando é trote e quando é insight. E se todo insight for um trote? E vice versa? Vou aproveitar que estou sozinho em casa e ouvir As vitrines do Chico. Engraçado, falando assim, parece que o Chico é um artista plástico que faz vitrines e está tendo uma erxposição das vitrines dele. Estar sozinho é um grande desafio. A voz interior não dá tréguas, ela fica solando. Longos solilóquios intermináveis. É tipo um trote interurbano. Ando pensando num esquema SE-ENTÂO. Se não sei o que dizer, então escuto ao invés de falar. Parece fácil? Então tente conversar com alguém sem ficar balançando a cabeça em sinal de aprovação a cada nova frase que seu interlocutor diz. A gente fica falando com o gesto da cabeça, não consegue só ouvir.
Aflição
Quando e como voltaremos se,
ao voltarmos não resta ninguém
a confirmar a nossa volta?
O que pode ser sem testemunho algum?
Como saberei que não estou louco?
O que esperar? Estar ou não estar louco? Claro que não estou louco. Esse trote eu flagrei! E bati o telefone na cara dele. Não se deixar cair num trote faz a gente se sentir muito esperto. Desconfio que isso seja outro trote. Vê como ficar sozinho é perigoso. Como a gente é louco. Acho que todo mundo é meio louco assim. De tanto receber trote o cara fica louco. É como a história da menina que gritava olha o lobo a todo instante e quando tem um lobo de verdade, ninguém acredita e o lobo: NHACT na menina.
Vou passar um trote:
Inescapável
Ignore este aviso.
Experimente. É impossível. Esse é aquele trote que o engraçadinho desliga e ainda deixa o telefone fora do gancho.
O que é reacionário pra voce? Essa idéia da sombra bastante me incomoda, pois parece que em vez de sair das sombras, ou parar de ser perseguidos por ela, é tarefa impraticavel. Se perdemos a sombra, logo achamos outra. Aquela velha historia, ah, cuido dessa sombra depois.
ResponderExcluirComenda! Tá muito xique esse seu Blog mano! Esses dias pensei em fazer um samba da "Arte do Desencontro", vou formular melhor e te apresento a proposta!
ResponderExcluirSobre o seu comentário que adorei, e só pra "provocar" o nosso papo de bar vou ser sincero: Existe um bando de palhaço bom, mesmo, com técnica e tudo. Acho do caralho. Mas têm alguns poucos palhaços de vida e acho que nesse meu caminho eu pude cruzar com alguns. Quem sou eu pra ditar certezas, mas palhaço de vida talvez seja aquele que escreve, se relaciona no dia a dia, pensa, age o tempo todo com esse acreditar com essa simplicidade. E é claro que viram inspiração.
Bj mano!
Danilo Gastão.